segunda-feira, 28 de abril de 2008

O que o excesso de peso pode causar nas estradas


Certa vez um órgão rodoviário, que hoje não existe mais, tentou controlar o excesso de peso nas rodovias. Em meados dos anos 70, uma comissão constituída de especialistas do órgão elaborou um estudo técnico cujo relatório justificava e propugnava pela implantação de um Plano Diretor de Balanças (PDB) na malha rodoviária brasileira.

Durante os estudos de elaboração do PDB foram desenvolvidos modelos de simulação através de regressões matemáticas, feitas sobre as estatísticas das pesagens de caminhões nas rodovias federais. Nas conclusões ficou claramente demonstrado o grande risco de colapso dos pavimentos das rodovias e de um “apagão logístico” no futuro. Os resultados eram perturbadores e deixaram os técnicos preocupados. Não era para menos, pois segundo tais modelos, um excesso de 10 % no peso na frota de caminhões do Transporte Rodoviário de Carga (TRC), resultaria numa redução de dois terços da vida útil da estrada.

Naquela época era comum a constatação de excesso de peso durante as fiscalizações dos caminhões de carga, quer por balanças, quer pela verificação do peso registrado nas notas fiscais. Os excessos rotineiramente ultrapassavam os 10% por eixo e no peso bruto total (PBT), e, não raras vezes atingiam valores superiores a 40 % e nunca se ficou sabendo que uma empresa de transporte tenha sido penalizada por tais crimes de lesapátria.

Durante os anos 80, teve início a implantação do PDB no qual foi gasto um rio de dinheiro público na execução das obras civis de dezenas de praças de balança. As que chegaram a funcionar, tinham a mesma cara do serviço público: um dia faltava pessoal, outro dia faltava energia. Até a manutenção do hardware das balanças era difícil, tinha de aguardar até a importação de um simples chip, tudo era importado da Alemanha. Quando elas funcionavam, as filas de caminhões se acumulavam nos postos de abastecimento, esperando que chegasse a hora do turno dos “amigos” das empresas de transporte.

Foram tantas as pressões de grupos poderosos, dentro e fora dos vários governos que se sucederam, que o Programa de Implantação de Balanças naufragou e as praças de milhões de dólares viraram as ruínas que hoje vemos à beira das rodovias federais. Entre os grupos de pressão, uns queriam que o excesso de peso continuasse sem qualquer controle, outros queriam que as estradas durassem menos, para que tirar proveito das novas licitações para restaurar as rodovias destruídas.

Ora, a CPI dos Correios e as operações “Furacão” e “Navalha”, demonstraram que essa situação de descalabro ainda persiste no governo e no novo órgão rodoviário. Considerando-se essa verdade incontestável e que a manutenção das rodovias ainda custa hoje três vezes mais, pois elas duram só um terço de sua vida útil em razão do excesso de peso praticado pelo TRC, com base na lógica é possível se concluir que o custo de manutenção de rodovias trafegada por caminhões com excesso de peso é três vezes maior do que seria se o TRC não praticasse o costumeiro excesso de peso.

A manutenção de rodovia é um dos insumos da tarifa de pedágio. Tal tarifa poderia até mesmo ser reduzida, ou mais serviços e investimentos serem feitos pelas concessionárias em benefício dos usuários. Os governos devem se estruturar para fazer cumprir a “Lei da Balança”, possibilitando uma tarifa de pedágio mais justa, bem como o incremento do transporte de carga pelo aumento da quantidade de fretes resultante do controle de peso, o que beneficiaria também o transportador.

Texto extraído do site da associação gaucha de concessionárias de rodovias, o qual expressa integralmente a minha opinião sobre o excesso de peso nas estradas brasileiras.
Mais uma vez, temos exemplo de que o governo é totalmente despreparado e incompetente quando falamos em execução e/ou administração serviços básicos para a vida e desenvolvimento do Brasil.

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